Os “C’s” do crédito representam as principais variáveis relacionadas ao tomador de recursos que são utilizadas pelo credor para se chegar a uma conclusão sobre o risco da operação.

A análise de crédito é uma das etapas mais importantes para as operações de um credor, seja ele uma instituição financeira concedendo um empréstimo, ou uma empresa concedendo maior prazo de pagamento ao seu cliente. Nesse contexto, implementar uma metodologia clara e objetiva para concluir sobre conceder crédito ou não a uma contraparte é essencial para qualquer credor.

O presente artigo busca explicar suscintamente a principal referência teórica para analisar uma operação de crédito, os chamados “C’s” do crédito. Tal designação ocorre pelo fato de a letra “C” ser a primeira letra das seis variáveis utilizadas na metodologia: 1) caráter; 2) capacidade; 3) condições; 4) capital; 5) colateral; 6) conglomerado.

1º C: caráter

Este “C” avalia o comportamento do tomador de recursos no histórico de sua relação com outros financiadores ou com a própria instituição que está analisando o crédito. O objetivo dessa variável é determinar, por exemplo, se os prazos foram cumpridos, empréstimos quitados no tempo acordado e se houve alguma outra dificuldade no cumprimento de outros compromissos.

No caso de tomadores que não possuam histórico, a análise do caráter também poderá recair sobre partes relacionadas ao tomador de recursos e suas operações análogas, analisando se os respectivos compromissos foram cumpridos.

2º C: capacidade

Já a capacidade financeira do tomador de recursos representa outro “C” que busca avaliar a potencial geração de fluxo de caixa para pagamento das obrigações a serem contratadas. Dessa forma, analisa-se, por exemplo, os principais fluxos financeiros que compõem a geração de caixa do tomador de recursos proponente para pagamento da dívida.

3º C: condições

A relação de crédito com um tomador de recursos vai além do escopo da operação e do mero pagamento da dívida, visto que mudanças nas características financeiras do tomador durante o prazo da operação podem impactar significativamente o risco dela. Além disso, há um risco moral de o tomador de recursos deliberadamente aumentar suas próprias condições de risco, pois quem arcará com um risco maior será o credor.

No contexto apresentado, este “C” determina as condições sob as quais os recursos serão concedidos. Tais condições poderiam ser representadas, por exemplo, pela limitação de uma empresa devedora em distribuir dividendos aos sócios ou ultrapassar um certo limite de endividamento enquanto dure a operação acordada.

4º C: capital

Neste “C”, comumente confundido com o “C” da Capacidade, são consideradas as fontes alternativas de caixa para quitação de obrigações financeiras. Tais fontes são, por exemplo, ativos líquidos disponíveis e possíveis fontes alternativas de capital para cumprir as obrigações do crédito a ser concedido.

5º C: colateral

O “C” de colateral, por sua vez, considera as garantias a serem concedidas para a operação de crédito. Essa análise é feita de modo a entender a qualidade e capacidade de execução dos ativos que serão dados em garantia pelo tomador para honrar o crédito no caso de a probabilidade de inadimplência se materializar. Nesse contexto, são analisados os ativos do tomador que podem ser liquidados no caso de não cumprimento dos seus deveres, tais como bens móveis e imóveis, contas bancárias, estoque de produtos, veículos, recebíveis, entre outros ativos.

6º C: conglomerado

Por fim, o último “C” a ser considerado em uma análise de crédito é referente ao conglomerado do tomador de recursos. Esse critério analisa o contexto no qual o tomador está inserido, sendo analisadas principalmente as partes relacionadas ao tomador, tais como os acionistas da empresa.

Os “C’s” do crédito, portanto, representam uma metodologia geral e qualitativa, já que não há uma especificação clara de como cada “C” deve ser analisado, mas apenas o que deve conter em cada análise. Entretanto, essa metodologia representa uma ótima ferramenta para organizar e padronizar como uma análise de crédito deve ser realizada.

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